Sunday, 28 September 2008

Conheça o local aonde Prestes foi julgado!

Sentado ali naquele cubículo, de menos de 10 m2, pensava em como Anita nasceria, em que condições, imaginava a cor de cabelo de sua filha. “Anita será educada numa escola que lhe ensine o valor da liberdade”, fazia planos ao encontrar pela fresta um resto de carteira escolar abandonado. O coração queria Olga, mas como a própria mulher sempre fez questão de pedir a ele, tentava não sucumbir às emoções humanas. O capitão sabia que seria condenado à prisão, mas que provavelmente permaneceria vivo. Ganhou projeção suficientemente larga e Vargas mais perderia se o matasse.
O texto é ficção, ok? Mas é uma tentativa de retratar a passagem de Luiz Carlos Prestes, líder da Intentona Comunista pela Escola Alberto Barth, essa sim real.


Em 1935 a escola que fica na Av. Oswaldo Cruz, no Flamengo, foi desativada para se transformar no Tribunal de Exceção que julgou os envolvidos na Revolução. “Outro dia esteve aqui um rapaz que pediu para conhecer o banheiro do primeiro andar, e assim que entrou ficou parado na porta alguns segundos (...) quando foi embora nos contou que era filho de Luiz Carlos Prestes e que fez questão de conhecer a escola aonde o pai foi julgado”, conta a professora Denise, que dá aulas de história.
Denise acha que a Prefeitura deveria incentivar os moradores da cidade a conhecer o prédio. E convida quem chega a conhecer a sala aonde os julgamentos aconteciam. Anos depois também passaria por lá o Major Severo Fournier, à frente da Revolução Integralista. Bom, de fato, é de arrepiar qualquer um. O pé direito baixo dá uma sensação de sufocamento e é inevitável não imaginar qual a disposição do tribunal. Aonde ficavam os réus? Na minha versão, sentados de frente para a parede oposta à janela. A blogueira aqui ficou imaginando quem foi Alberto Barth. Uma breve pesquisa nos alfarrábios revela: Barth; empresário suíço que doou uma quantidade de dinheiro para a contrução da escola. O prédio foi projetado em 1906 pelo arquiteto Souza Aguiar, ex-prefeito do Rio, que na época desenhou outras sete escolas. Uma delas é a Escola Deodoro, na Glória.


O que o empresário Barth jamais poderia imaginar era que a escola seria “seqüestrada” pelo Estado e que só retomaria a verdadeira função em 1946.
As cercas nas janelas altas – usadas como proteção aos pequenos alunos, rementem inevitavelmente às grades que um dia cercaram Prestes e seus seguidores.

Sunday, 21 September 2008

A precisão é possível!

Os sistemas de busca de info na Web se desenvolveram, ganharam corpo em cinco anos e tornaram-se o! modelo de negócios,irradiando tendências para a economia do século 21. Outro dia quis achar uma chave em casa e por pouco não deium "search" e digitei "chave de casa" no Google Maps. Ok, ok. Ainda cena dos Jetsons. Back to reality: tem os sistemas por navegação e os de consulta. Oito dos de consulta foram escolhidas pelo blog Jornalismo2.0 Utexas para análise em laboratório. Primeira conclusão geral: a precisãosó é possível quando a pergunta é precisa, ferina e mordaz. Qualquer semelhança com o jornalismo não terá sido meracoincidência. Somos sim pequenos Googles, Yahoos e Altavistas, tentando organizar a informação dispersa no mundo, tirando da fonte o que ela tem de mais importante, e de mais novo a revelar. Google, Yahoo, Altavista, Radar Uol,Clustry, MSN, Ask.com e DogPile são modelos diferentes de sites de busca, desenhados para perguntas diferentes. Saiba bem o quer perguntar antes e procure o site de busca "personalizado", porque aí você será um buscador feliz. Um basta às noites insones, à caça de uma pesquisa com 1.100 resultados. Vá direto ao ponto. Ache. O Google, Yahoo e mesmo o bom e experiente Altavista são os genericões. É claro, o Google de Sergei Brin e Larry Page (http://www.ted.com/index.php/talks/sergey_brin_and_larry_page_on_google.html)* inventou o aDsense e por isso revolucionou esse mercado. E mais: criou aplicativos. Ficou completa a família Google. Mas em termos de referências acadêmicas, é melhor procurar o GoogleHistory, o GoogleImages para...bom, você já sabe e o Google Maps...aí nem se fala. Radar Uol cita as reportagens da mídia que representa, o queé natual, tal é a web um espaço de propaganda. Quem tiver à procura de reportagens de boa qualidade, visite. No Clustry, se vê primeiro uma lista de links patrocinados e depois a busca na web mesmo. É uma grande vitrine de marcas assumida. Vale se o que está procurando é uma empresa que já pensa em webês (já fala a linguagem web). o LiveSearch do MSN vem lá no meio da Família Microsoft e também é mais genérico. Traz 162.000resultados para a pesquisa "cura do stress", que serviu de referência para este estudo. O Ask.com faz da busca - única e exclusivamente - um belo negócio. Teste as skins! E as buscas mais focadas (narrow Your Search). Tem um preview da Home Page antes de você se animar em abri-la. Agradável, amigável. O Dogpiles juntou Google, Yahoo, Live Search e Ask.com. Traz logo de cara a lista dos mais procurados. É um agregador, digamos um ministro da coordenação política.
* Isso é que é banco de dados em 3D!
PS.: Mas não se preocupe muito com tantas opções. A Web 3.0 vai ler os seus pensamentos. Senta que daqui a pouco vem a história.
Ps: Jogo dos 7 acertos: quantas referências aos bordões de TV você já viu aqui? Daqui a 20 anos, Larry e Page serão os Bill Gates (tá, não só eles, pq tem a Cauda Longa) e o que serão as nossas referências?

WEB2.0 & a evolução da espécie

Ei, você!
Já produziu telejornal colaborativo, com reportagens geradas pela comunidade de internautas e transmitiu via videoblog? E doc-minuto interativo, já editou e uploadou numa página da rede? Série jornalística com roteiro transversal multimídia para celular 3G, tem vontade de fazer? Já sugeriu widgets para projetos de TV na web ou apps (os famosos aplicativos) para a rede colaborativa de que participa?
Aliás, é bom perguntar antes: você já ouviu falar de conteúdo produzido pelo usuário – o UGC? Sabe que o mundo já caminha para o PGC, o professional generated content? Usou FTP para publicar comentários gravados pela sua webcam? Hoje você já fez pesquisa de vídeos via Tags e atualizou a informação pelos feeds do RSS? Outra coisa: tem usado a sua rede de contatos para fazer marketing de guerrilha dos assuntos que lhe são mais caros? Vai fundo: propaganda do seu candidato nesta eleição, reclamação de um produto que não veio conforme as especificações...Manda ver também via microblogging.
Sopa de letrinhas indecifrável? Nada disso. Esse conjunto de atividades reunidas são a essência da Web 2.0, assim batizada pelo consultor americano Tim O´Reilly. Nesta fase da Web, a experiência coletiva se sobrepõe à individual, porque a tecnologia permite ao usuário participar do processo criativo. Como diria o francês Pierre Levy, no seu Cibercultura, “a Web - 2.0* - (...) é também o instrumento que permite os coletivos inteligentes se articularem entre si.” Não à toa a Revista Time elegeu “You”, ou seja, o usuário, como a personalidade do ano de 2006.
Se o email e os sites de busca (Yahoo, Cadê e depois o Google) formaram o centro gravitacional da primeira fase da Web, em que a Internet era usada mais como fonte de pesquisa junto à academia e empresas (fontes primárias de informação), agora os websites colaborativos (Wikipedia) e as redes socias (Orkut, Hi5, LinkedIn e em vídeo o YouTube) citam a tendência. A segunda geração de sites da Internet é aquele que estimula o usuário a participar e que firma a web como plataforma de serviços, gerados pela inteligência coletiva.
No jornalismo, Digg e Google News podem ser pinçados como exemplos da mudança do modelo de negócios trazida pela Web 2.0. O primeiro um site em que os usuários ranqueiam as notícias, que só então são comentadas pelos apresentadores do programa de TV. O usuário é, de fato, o editor. Tudo bem que o tema central dos meninos do Digg é a tecnologia, nada muito polêmico como a pena de morte. Por que aí entraria a sempre saudável discussão ética: se o meu leitor defende a pena de morte, devo eu defendê-la também? O Jornalismo tem sim a função de equilibrar visões.
No GoogleNews escolhe-se as editorias e via feeds recebe-se as atualizações. Telejornal interativo e 100% sob demanda. Corporativismos à parte, vemos o usuário como um importante colaborador na decisão da abordagem, mas é preciso sim um mediador com senso jornalístico. É preciso a garantia da credibilidade. Notícias não são entretenimento. Sobre cada take de um enquadramento da BBC vai ali impressa a certeza da qualidade daquela gravação. O desafio que se lança é aliar os avanços da Web 2.0 com a credibilidade adquirida pelas empresas jornalísticas. E que venha um site de notícias totalmente 2.0 e sem “marca” para que se prove o contrário.
*inclusão da autora.